quarta-feira, 11 de março de 2015

PELÍCULAS AZUIS - Prólogo

         
         Nada mais teria força para detê-la naquela cidade, que de repente se tornou tão estranha a ela. Deixou aquele corredor completamente cega, sem chão, sem processar imagens, sons ou qualquer outra informação. Numa fração de segundos, Adriano pareceu apenas mais um. Comum. Assim como Marco havia se tornado, meses antes.
            Escutou cada palavra sem querer acreditar que, juntas, formavam as frases que jurava ter ouvido. Ela não pode descobrir agora. Me deixa conversar com ela primeiro. Eu vou explicar essa situação toda e eu sei que ela vai entender. A Laura é muito cabeça feita. Não vai ser difícil. Ela vai entender que eu te amo.
          Apareceu na porta do restaurante. Rezou para que a ligação demorasse ainda mais. Não queria Adriano logo atrás, como aquelas cenas de novela, em que o cara corre atrás de você pedindo que fique, dizendo que pode explicar. Nunca mais veria o mar no olhos azuis dele. Nunca mais veria o sol nos cabelos claros dele quando acordassem juntos. Na verdade, nunca mais desejaria ver aquilo nele.
               Tentando manter o resquício de calma que sobrava entre seus dedos, caminhou por algumas ruas sozinha até que surgiu numa avenida e tomou um táxi de volta ao hotel. Dentro da bolsa, o celular chamou no vibracall. Era óbvio que era ele. Imaginou que Adriano deveria ter voltado para a mesa e não a viu. Chorou baixinho para não chamar a atenção. Só torturava a si mesma reproduzindo mentalmente a frase final: ela vai entender que eu te amo.
           Como se ser mentalmente madura pudesse livrá-la da dor. Como se ser quem era naquele momento pudesse ser um antídoto contra o veneno que foi injetado em sua veia mais uma vez. Não suportaria passar por tudo de novo. Por que aqueles que traem nunca serão capazes de entender que, por trás de toda muralha em que nos transformamos, existe um coração frágil batendo?

Capítulo 1: "A viagem foi preparada em cima da hora, de qualquer jeito. Esfriar a cabeça era necessário. Arrumou as malas, comprou as passagens e tomou um voo para São Luís. Aquele lugar pareceu a melhor opção pra quem queria se curar de uma dor na alma. Você pode dizer que aquela é a ilha do amor. Ok. Mas você precisa entender que andar pelo que já foi é quase terapêutico. Voltar ao passado, de uma forma ou de outra, é sempre bom."

Confira a íntegra do Capítulo 1 nesta sexta, dia 13 de março, a partir das 20h.

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